sábado, 17 de outubro de 2015

Dicas: SOS! Fugindo do Clichê

Há tempos que a maior falha no enredo de histórias (e maior motivo de descontos em avaliações e críticas) é o maldito clichê. Você trabalha em um enredo novo, algo surpreendente, que vai revolucionar o mundo das fanfics, e então planeja o final: a mocinha se apaixona pelo cafajeste que a menospreza, mas ele abre mão do mundo depois que se apaixona por ela. STOP!
Clichê, por definição: É uma expressão idiomática que de tão utilizada, se torna previsível. Desgastou-se e perdeu o sentido ou se tornou algo que gera uma reação ruim, algo cansativo em vez de dar o efeito esperado ou simplesmente repetitivo.

Como, então, fugir do clichê?
O primeiro passo é planejar o enredo todo antes de começar a escrever a história. Crie uma planilha com todos os personagens e suas funções na história, juntamente com os resumos dos acontecimentos previstos para cada capítulo. É nessa parte que você deve seguir alguma regras:
1) Nunca revele quem é o vilão logo de cara, caso haja um. Exceção: o vilão derrota o mocinho.
Essa é simples: não tem graça saber logo no início os conflitos. Sabe aquela patricinha do colegial que é maldosa com você logo no começo? STOP! Por que ela não se torna sua melhor amiga, e só depois mostra as garras? Bem mais interessante.
2) Nunca revele quem é o parceiro romântico da personagem principal logo no começo. Exceções: o parceiro morre, ou por motivos de força maior eles se separam.
Noto muito isso em fanfictions com o Justin Bieber. É claro que ele é o bad boy com quem sua menina do coque frouxo — e café do Starbucks — vai terminar no final, mas gere umas complicações, sabe? Já que você não vai matá-lo ou fazê-los terminar separados — e é por isso que odeio a categoria —, ao menos crie conflitos ao decorrer da história. Já que ele é o cafajeste, por que não espalhar fotos íntimas da menina depois de tê-la drogado?
3) Não se apaixone pelo irmão da sua melhor amiga.
Desculpe quem lê ou escreve sobre isso, mas vamos combinar que é um tanto quanto comum e sem nexo. Irmão de melhor amiga é irmão também! Já que é pra pegar alguém da família dela, que seja um primo ou algo assim. Menos clichê, pelo menos.
4) O popular da escola não vai olhar pra “nerd feia e tímida”.
Primeiro: de feia e tímida não tem nada, porque a personagem é cantada por dezenas de cara da escola e tem trezentos melhores amigos. FUJA DISSO. Além do mais, se ele tem todas as gostosas da equipe de torcida a seu dispor, porque ele olharia pra sua personagem desajeitada? AMOR?! Poupe-me.
5) Não rotule os personagens principais. Exceção: histórias com vilões.
Não seja a nerd, ou a roqueira, ou a rebelde, ou a patricinha, ou a depressiva, ou a esportista, ou [...]. Entendam: há uma nítida divisão no que chamamos de personagem plano e personagem esférico. O primeiro é aquele que pode ser definido. O segundo é muito mais complexo. Personagens secundários podem até ser planos, mas os principais, NUNCA.
A menos, é claro, como em histórias onde há uma nítida distinção entre o bem e o mal, como em Harry Potter. Sabe-se quem é o bom, quem é o mau. Mas não se esqueça de personagens esféricos, que são a mistura dos dois, como Draco Malfoy.
6) Fuja de lugares clichês.
Londres, Starbucks e Colégios Internos são a prova viva de que essa coisa hipster está completamente fora de moda. Ou melhor, está completamente na moda. E moda é clichê: todo mundo quer usar.
7) Não engravide a personagem na primeira transa. Exceção: estupro.
As chances disso acontecer são mínimas (pelo amor de Deus, não deixem de usar camisinha porque eu disse que é impossível, porque não é), mas nove em cada dez personagens de fanfictions engravidam na primeira vez que fazem sexo. STOP! Não digo que não devem engravidar nunca, mas estamos no século XXI e todos nós, mesmo você que tem doze anos e escreve um quase Kama Sutra, sabemos que há meios de não se engravidar.
Engravidar de um estupro, porém, seria uma complicação na história. E quase tudo aquilo que é complicação — e não solução — foge do comum.
8) Não se chega ao orgasmo junto na primeira transa.
Por motivos de: cada um tem seu tempo. E o casal não teve relações o suficiente para aprender a “cronometrar” o relógio biológico. Além disso, mulheres levam muito mais tempo para chegar ao orgasmo. É por isso que em muitas histórias, o homem a excita com os dedos e a língua: para reduzir essa diferença de tempo.
9) Não diga “Eu te amo” após o (ou antes do) primeiro beijo. Exceções: o parceiro morre, ou por motivos de força maior eles se separam, ou ainda porque se passa em uma história antes do século XX.
Previsível demais. Além disso, não esqueça que sua protagonista tem dezesseis anos, muito possivelmente. Eu tenho dezessete e já me arrependi muito de dizer tal frase a pessoas que de fato não amei. Contudo, antes dos anos 1900, as pessoas realmente se casavam com essa idade, então melhor que amassem mesmo o parceiro.
10) Planeje um final surpreendente.
Mate os dois, ou mate só um, ou não mate ninguém e os deixe separados, por exemplo. Faça com que o vilão derrote o mocinho, que toda a história tenha sido consequência de um LSD ingerido pela protagonista — uma prostituta viciada — ou ainda faça com que ela fique com aquele melhor amigo zoado na escola. O que importa é inovar! Se quiser mantê-los juntos, ótimo, também. Entretanto, dê um final que pouca gente espera.

Depois de ter a certeza de que sua história está dentro das dez dicas, procure por outros elementos clichês que você encontra por aí: fazer parte de uma banda, tocar guitarra, usar cueca-box preta, e passar horas trocando olhares são exemplos disso. Use o clichê com moderação, apenas nos pequenos detalhes.
Tudo pronto, hora de escrever. Contudo, não se esqueça da última lei:
Não mudarás o enredo por conta dos leitores.
Que gostem, ou não, livrai-nos do clichê. AMÉM!

— Por Drama Queen
Em 03/09/2014 (KF)

Um comentário:

  1. Amei suas dicas, me ajudou muito a decidir o que vai acontecer no decorrer e no final da história, muito obrigada! :D

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